A organização precisa garantir os direitos humanos e a inclusão se quiser ser reconhecida pela comunidade global, disse o enviado de Putin para o Afeganistão.
A Rússia está pronta para apoiar os esforços do governo talibã para obter reconhecimento internacional se Cabul cumprir seu compromisso com os direitos humanos e a inclusão etnopolítica, disse o enviado presidencial russo para o Afeganistão nesta terça-feira.
Falando ao diário RBK de Moscou, Zamir Kabulov explicou o que é exigido do grupo para que seja reconhecido como autoridade legítima em Cabul.
“A comunidade global tem uma lista de demandas. Em primeiro lugar, a inclusão etnopolítica do governo [Talibã]. Há representantes de outras etnias no governo, mas todos são membros do Talibã. Em segundo lugar, esperamos que o Talibã respeite os direitos humanos básicos. Para começar, estamos falando sobre o direito das mulheres ao trabalho, bem como outros direitos civis”, disse o enviado do Kremlin em entrevista.
O diplomata acrescentou que Moscou não está tentando impor ideias russas a Cabul, já que o Afeganistão tem suas próprias tradições culturais e religiosas, mas aconselhou a liderança do Talibã a estudar as práticas de outras nações muçulmanas.
“As condições para reconhecer oficialmente as novas autoridades afegãs estarão maduras após um progresso significativo nessas questões”, concluiu Kabulov.
A autoridade russa também observou que, apenas na semana passada, 135 crianças morreram no Afeganistão. Ele acredita que a situação real do país é ainda pior do que está sendo divulgado pela ONU.
“Se o Talibã quiser permanecer no poder, terá que criar condições normais para a maioria dos cidadãos, o que é impossível sem ajuda humanitária e econômica internacional”, disse Kabulov.
Ele acrescentou que os EUA e seus aliados são parcialmente responsáveis pela crise humanitária afegã. O Ocidente bloqueou os ativos financeiros de Cabul e cortou o sistema bancário do país da SWIFT. Este último movimento impede que organizações internacionais forneçam apoio financeiro ao Afeganistão. O enviado também criticou as exigências dos EUA de desnacionalizar o Banco Central do Afeganistão, alegando que seria humilhante para Cabul.
“Os americanos parecem esquecer que perderam a guerra e não o contrário. Portanto, não cabe a eles ditar os termos da capitulação”, disse Kabulov.
O Talibã, uma organização terrorista proibida na Rússia, tomou o poder no Afeganistão em agosto de 2021, após uma evacuação agitada pelos militares dos EUA, que encerrou sem cerimônia sua presença de 20 anos no país. Com a saída das tropas americanas, a organização rapidamente derrubou o regime apoiado pelos EUA em Cabul. A maioria das cidades afegãs se rendeu ao Talibã sem lutar.
Com informações da RT
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