terça-feira, 22 de janeiro de 2019

General Augusto Heleno liderou missão polêmica no Haiti

General Augusto Heleno liderou missão polêmica no Haiti


[Trecho da Reportagem da Revista EXAME, link do artigo na descrição]

Tropas dispararam 22 mil balas na busca por líder combatente; segundo organizações, dezenas de civis morreram no fogo cruzado, incluindo mulheres e crianças

“Balas atravessavam paredes”
A Reuters entrevistou mais de uma dúzia de pessoas a par da operação de 6 de julho de 2005, inclusive diplomatas, funcionários de ONGs, autoridades haitianas e moradores de Cité Soleil.

A Reuters também analisou relatórios da ONU, telegramas diplomáticos divulgados pelo Wikileaks, artigos de imprensa e as próprias declarações de Heleno à época. Juntos, esses documentos pintam um quadro detalhado das pressões que Heleno sofreu para ser rígido no Haiti.

O Brasil assumiu o controle militar da missão da ONU para estabilizar o Haiti, conhecida como Minustah, em meados de 2004. Heleno, o primeiro comandante militar brasileiro da Minustah, chegou pouco depois da deposição e da partida do então presidente Jean-Bertrand Aristide para o exílio. O general foi encarregado de estabilizar o país para a realização de eleições pacíficas.

Em seu caminho ele encontrou gangues criminosas poderosas que mantinham esquemas violentos de sequestros de pessoa e carros e de corrupção. À medida que os meses passavam, os Estados Unidos, em particular, expressavam impaciência com o progresso de Heleno.

“A Minustah foi incapaz de estabelecer segurança e estabilidade aqui”, disse James B. Foley, então embaixador dos EUA no Haiti, em um telegrama de 1º de junho de 2005 a Washington. “Por mais que posamos pressionar a ONU e os brasileiros a adotarem a abordagem mais vigorosa que é necessária, não acredito que eles estarão à altura da tarefa no final das contas”.

Cinco semanas depois Heleno ordenou que 440 soldados da ONU, apoiados por 41 veículos e helicópteros blindados, entrassem em Cité Soleil para deter Wilme, que telegramas dos EUA descreviam como o criminoso mais poderoso do Haiti.

Inicialmente a equipe de Heleno disse que Wilme e alguns aliados morreram, o que resultou no máximo em cinco ou seis fatalidades, de acordo com relatos da imprensa — mas relatos de mortos e feridos civis logo surgiram.

“Temos informação crível de que tropas da ONU, acompanhadas pela polícia haitiana, mataram um número indeterminado de moradores desarmados de Cité Soleil, inclusive vários bebês e mulheres”, disse na ocasião Renan Hedouville, chefe da organização local sem fins lucrativos Advogados Comprometidos com o Respeito aos Direitos Individuais.

O então diretor da missão dos Médicos sem Fronteiras no Haiti disse a repórteres que seus médicos trataram 27 pessoas de ferimentos de bala, a maioria mulheres e crianças.

Diplomatas dos EUA também questionaram a versão dos eventos da Minustah. Um telegrama de 26 de julho de 2005 disse que “22 mil cartuchos é uma quantidade grande de munição para ter matado só seis pessoas”, e observou que alguns grupos de direitos humanos estimaram o saldo de mortes em até 70.

Um porta-voz do atual governo haitiano não respondeu a um pedido de comentário sobre a operação ou a liderança brasileira das tropas da Minustah.

Mas alguns moradores de Cité Soleil não conseguem se livrar da lembrança daquele dia. A ambulante Anol Pierre disse que estava em casa quando o ataque começou.

“Eu me escondi debaixo da cama com meus filhos enquanto as balas atravessavam as paredes”, contou. “Só rezamos para Jesus. Lembro de uma mulher grávida com dois filhos que morreu. Muitas famílias foram vítimas”.

LEIA O TEXTO INTEIRO NO LINK ABAIXO:
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PS: Antes de vir aqui reclamando que estou sendo tendencioso em reclamar dos generais só porque estão no governo Bolsonaro, quero lembrar que General Heleno foi enviado ao Haiti durante o governo Lula, na vergonhosa "Missão de Paz da ONU" com o objetivo de conter revoltas populares depois que os EUA deram um golpe de Estado contra o presidente haitiano. Só estou relembrando isso aqui para mostrar como o General Heleno fala grosso com haitianos e fininho com os americanos. General Heleno deu entrevista defendendo a privatização (doação) da Embraer para a empresa americana Boeing. Isso deveria gerar uma revolta muito grande, mas infelizmente o povo brasileiro está tão alienado que grande parte chama este general traidor de "mito" só por causa de suas frases feitas baseadas em senso comum de programas policiais (Datena/Wagner Montes/Marcelo Rezende etc.). 

Ass: Eduardo Lima

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